terça-feira, 17 de novembro de 2015

Novo estudo relaciona tabagismo à esquizofrenia



Estudo publicado este mês na revista The Lancet Pyschiatry sugere que fumar tabaco pode ser um fator modesto de causa ou predisposição para a psicose. Ao completar uma meta-análise de 61 estudos, cientistas descobriram que 57% das pessoas que foram diagnosticadas pela primeira vez com psicose eram fumantes. A associação entre a psicose e o tabaco já vem sendo observada por um longo tempo. Só na Inglaterra, 42% dos cigarros são consumidos por pessoas com problemas de saúde mental e, nos Estados Unidos, 80% das pessoas com esquizofrenia fumam, em comparação com uma média nacional de 20%.

Considerava-se que pessoas portadoras de esquizofrenia são mais propensas a fumar para aliviar um pouco o sofrimento causado pela doença, mitigando alguns sintomas tais como dificuldade de raciocínio, e combatendo também os efeitos colaterais dos medicamentos antipsicóticos – com um efeito de automedicação.

“Estes resultados põem em cheque a hipótese de automedicação, sugerindo que o tabagismo pode ter um papel causal na psicose”, disse um porta-voz do King College de Londres, onde foi realizado o estudo. “Os pesquisadores descobriram que os fumantes diários desenvolveram a doença psicótica em torno de um ano antes do que os não-fumantes”, completou.
Esquizo e tabaco

Acredita-se que um excesso de dopamina no cérebro seja a melhor explicação de psicoses como a esquizofrenia, uma vez que o excesso dessa substância na parte frontal do cérebro pode causar delírios e alucinações. Esta teoria é apoiada por evidências de que drogas bloqueadoras da dopamina ajudam a amenizar esses sintomas, enquanto que drogas que aumentam a liberação de dopamina pode agravá-los. A nicotina, por sua vez, faz com que o cérebro libere mais dopamina.

Segundo o Dr. Michael Owen, da Universidade de Cardiff, o desenvolvimento da doença mental é um processo complexo e separar os diferentes fatores que podem contribuir é uma tarefa muito difícil. Os pesquisadores ressaltam que, embora possa haver tal relação causal, os resultados não são conclusivos e mais pesquisas precisam ser feitas.

“Este novo estudo combina dados científicos publicados anteriormente em uma análise estatística que aponta que fumar parece aumentar modestamente o risco de desenvolver esquizofrenia mais tarde na vida”, diz Michael Bloomfield, professor clínico em psiquiatria da University College London.”No entanto, mais pesquisas são necessárias antes que os cientistas possam afirmar com certeza que fumar definitivamente aumenta o risco de esquizofrenia, uma vez que é possível que as pessoas que desenvolvem a esquizofrenia sejam mais propensas a começar a fumar”, completou.

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